Wednesday, December 5, 2007

Há coisas evidentemente bi-dimensionais.

Hoje passei um par de horas, ao serão, a vasculhar as gavetas do monolítico artigo de carpintaria que preenche a parede do meu antigo quarto, agora tornado sala de arrumos, ou sala-do-piano, ou sala-de-leitura - ninguém faz lá nada mais condicente com outra além da primeira designação. Procurava uma fotografia em particular, nem recente nem antiga. Em vão.
A tarefa obrigou-me, claro está, a passar os olhos por outras tantas. Tantas!
Adoro estas incursões cíclicas pelo arquivo meio morto, meio vivo onde jaz a memória de papel da família.
No fundo, adoro as fotografias. São terapêuticas, pois operam no nosso expectro das emoções possíveis - onde se encontram também as extremas - como uma vergastada leve nas costas de um seminarista: se estamos demasiado tristes, mostram-nos que já fomos felizes, se estamos demasiado felizes, lembram-nos que somos mortais.