Friday, July 27, 2007

Dormir bem é uma coisa boa.


Eu, que sou de natureza dócil e desde cedo dotado de extraordinária compaixão – mesmo quando não mais do que isso – e abstinência adjectivante relativamente a todo o humanóide mais carenciado de beleza ou saúde mental – e que mui raras vezes dei comigo a escarnecer sem posterior remorso do cauteleiro do bairro a quem a força da gravidade e a descalcificação precoce arquearam sobremaneira as frágeis pernas, logo tratando a mais fiel clientela de lhe colocar metaforicamente “os tomates entre parêntesis”, confesso que a visão desta espécie de homúnculo me envaidece.
Se a sua morfologia me leva as mais das vezes a quedar-me por um espontâneo e inconsequente “fooooda-se!”, desta feita resolvi, dissipado o eco da interjeição, racionalizar um pouco mais e dedicar-lhe um post. Não sem antes partilhar com quem chegou a esta linha que cada visão do “coiso” corrobora a minha há muito irreversível tese de que o capachinho foi muito infeliz na escolha do homem e não o inverso, mais condicente com a opinião generalizada dos portugueses e portuguesas.
O José Cid é, na Pop portuguesa, universo já de si, e há muito, infestado e empestado de e pelo esterco, um caso atípico de militância na estupidez, seja pelas suas canções, seja pela mais despudorada auto-vangloriação que, quando não manifesta, é muitas vezes mal disfarçada. As enjoativas tentativas do cantor de induzir nos que (ainda) o ouvem falar algumas migalhas da caridosa ternura ou do ininteligível apreço que votamos à bosta seca que, com o passar dos anos, ali ficou mas já não cheira – tipo Xutos, GNR ou, timidamente no verão passado, os Heróis do Mar - evidenciam falta de orçamento para comprar marketing e produção profissionalizados à laia de Tony Carreira. Logo, “faça você mesmo!”.
Assim faz o jockey nesta pérola que aqui anexo, para regabofe domiciliário dos que sabem que rir ao serão é importante para uma boa noite de sono.

Thursday, July 19, 2007

(de)formação vocacional

Sou, não sem que para isso me tenham que colocar entre a espada e a parede, levado a constatar, violentamente, que a minha verdadeira vocação é para amar, não para ser amado.

Monday, July 2, 2007

Viva as cooooisas com quatro "ós"!


Uma vez mais, a RTP ficou a rir-se da TVI, arrematando a transmissão do concerto de homenagem à Santinha de Évora.
(Pessoalmente, não nutro especial admiração pela diva de 1,80m e cara-de-loiça. Sempre a achei demasiado quadrada de tronco e tenho ouvido dizer que era minimamente estúpida.)
Mas, ao que parece, foram horas de puro enriquecimento cultural tutoradas pela Maria Elisa, ainda não completamente recomposta da ressaca de grandiosidade que abalou, e de que maneira, o burgo, e pelo Júlio Isidro, que descobriu e lançou a Lady não era ela ainda outra coisa que a mai’ nova dos Spencer (olheiro indispensável, este narigudo)
É verdade que o sol perdeu, finalmente, a vergonha nos últimos dias, e a tarde era de praia para quem pôde. Para quem não pôde adivinhava-se o marasmo do rebolar no sofá. Além disso, a agenda política chegou às páginas coloridas da silly season e a presidência portuguesa da não-sei-quantas, a partir de não-sei-quando, é um fait divers (dizia-se hoje de manhã no bar da RTP que o Eládio, que tinha o pelouro das coisas europeias, ainda foi sondado, mas declinou a proposta e a ideia, que no tempo dele ainda não havia esta anarquia das votações por sms), mas a RTP, espertíssima, saca cada coelho da cartola! E assim vai preenchendo o vazio que são os nossos domingos. Obrigado!
Longa vida, gritemos, à nossa televisão cinquentenária, que mantém a boa forma e recusa envelhecer. Uma produtora estrangeira atira bolinhas e ela corre atrás delas, cachoooorra.