Thursday, March 1, 2007

Provedorzinhos deprimentes

A ideia veio dos jornais. Pessoalmente, traguei com satisfação algumas páginas do Diogo Pires Aurélio no DN, não obstante a ciência pessoal dele parecesse planar demasiado acima das críticas e recomendações dos leitores. Mas planava qualquer coisa.
Como seria de esperar, pelo menos por alguns, o cheiro a esterco que grassa nas grelhas de programação dos canais de televisão da estação pública, inclusive na tímida e hesitante 2:, abafa a água de colónia dos "relações públicas". E quanto aos indivíduos, se o Paquete de Oliveira tem historial de reflexão sobre o tema, já o José Nuno Martins há muito que arrumou na gaveta as suas melhores memórias.
Os programas pouco mais são do que clips versando sobre assuntos que encheriam a plateia do "Prós e Contras" e que mereceriam uma reflexão séria e encorajadora de medidas palpáveis e igualmente sérias.
Em vez disso, limitam-se a debitar vulgaridades, senso comum, a bajular aqui e ali, que o ofício mais do que isso não permite, e assim vão tratando da violência, do excesso de novelas e de outros debates igualmente actuais e fracturantes.
Em vez de se consolidar como alternativa, a RTP aprendeu rapidamente com a vizinhança privada, fenómeno, aliás, bastante compreensível dada a rotatividade de recursos humanos entre as três estações, que significará alguma coisa, senão muito.
A RTP é uma estrutura pesada, cristalizada e com muito apetite. Como qualquer português com 50 anos, gosta de futebol mais do que o razoável - embora não atinja os níveis de obsessão compulsiva da mana RDP - e prefere malta simpática e bem nutrida antes do jantar para se convencer de que até pode abusar mais um bocadinho das goluseimas. A reestruturação de há dois ou três anos foi pouco além do logótipo e o canal público encontra-se rendido ao non sense e ao movimento pimba não menos do que a TVI, não obstante escolher cores mais suaves para cenários e guarda-roupa.
Valham-nos os Gatos Fedorentos, que já só dão uns punzinhos mas que, apesar disso, lá vão expondo em horário nobre a trapalhice nos seus Tesourinhos. E parece-me que cada semana precisam menos de ir às páginas mais amareladas do arquivo.

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